quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Vamos trabalhar.

Meu sonho é ter um bar.

Daí um grande amigo meu me aconselhou que não devemos transformar em trabalho nosso lazer, sob pena de não conseguirmos mais nos divertir com aquilo.
Pra confirmar essa teoria, certa vez, um editor de um website de entretenimento me disse que tinha perdido todos os seus hobbies no momento em que praticá-los virou uma obrigação, e resenhá-los uma profissão.

Desses exemplos posso imaginar que abrindo um bar, estaria eu jogando fora a diversão de me sentar despreocupada com os amigos numa mesa aconchegante, tomando cerveja, jogando conversa fora, desestressando de um duro dia de trabalho.
Como proprietária de um boteco, ao entrar nessa convidativa cena que acabei de descrever, seria o início do trabalho, e não a "hora feliz" que o segue.

Essa perspectiva é deveras desestimulante.

Porém, me deparo então com um dilema existencial provocado pelas máximas de vivência que se transformam em conselhos e dicas profissionais. Um dos maiores clichês repetido pelos palpiteiros da vida alheia, é de que você deve trabalhar com aquilo que gosta. Dá então pra os sabetudo se fazerem mais claros? É pra eu detestar meu trabalho pra aproveitar com deleite os momentos de lazer em que posso fazer o que gosto, ou eu devo transformar as minhas paixões em profissão pra que elas deixem de ser paixões e me tornem uma pessoa vazia?

Há ainda uma terceira opção, é verdade. De que o segredo pro sucesso profissional seja trabalhar com aquilo que você gosta, deixar de gostar mas fingir que continua gostando, e nesse meio tempo achar outros modos de se divertir e curtir as horas vagas. Enquanto isso, você pode escancarar para o mundo a felicidade de se trabalhar com aquilo que ama, e que é possível ser bem sucedido assim, criando as lendas-máximas-clichês pra enganar os bobos.

Sendo assim, você, trabalhador com as coisas que ama fake, vai estar tão satisfeito trabalhando assistindo filme e jogando videogame, quanto o bancário que está neste momento contando dinheiro dos outros e achando que seria muito feliz se ganhasse pra assistir filmes e jogar videogame, como você.

Daí um vai bater seu ponto e arrumar tempo pra ser um nerd funcional fazendo o que o outro está satisfeito em parar de fazer pra ir cozinhar algum prato exótico como hobbie. Novo hobbie...

Mas no fim das contas, os dois vão acabar no bar, e eu vou ganhar dinheiro. Isso é que importa.

Acho que não vou ligar de transformar minha diversão etílica em trabalho, o que não posso é passar minha vida toda realizando o sonho alheio da casa própria, nem contando dinheiro dos outros.
Além do mais, tenho a sorte de não ter ninguém que me pague pra ver filmes, séries, ler livros ou jogar videogame (ok, não gosto nem sei jogar videogame), posso fazer essas coisas porque eu quero, quando eu quero.

Não ligo de ter um bar e não gostar mais de bar. Azar mesmo seria se quisessem me pagar pra escrever... Alguém??

5 comentários:

Blake disse...

Um bar?! hummm! Será? Só não pode ser barraca de praia, afinal minha tia já caiu... E n pode ser na pituba pq tão roubando td mundo la... faz um aqui na vila laura, quem sabe eu aprendo a beber tb!

Ju Marques disse...

Seria mesmo um azar! Sobrariam cobranças e faltaria o deleite da inspiração.

Pago uma cerveja no seu bar!

Bjoca

Anônimo disse...

Me ofereço pra ficar no caixa, pra vc não ter que apenas mudar de lugar... ;-)

ininterrupto disse...

eu beberia voz e vioLão.

Yuri Goya disse...

O segredo não trabalhar com o que gosta, mas gostar do seu trabalho.
A diferença não esta só na ordem das palavras.
Mas trabalhar com que gosta é escolher um hobby seu já existente para ganhar dinheiro. Ai ele acaba virando dever não prazer.
Mas gostar do seu trabalho não é fazer um Hobby, mas aprender e se divertir com seu trabalho. É conseguir extrair lazer da sua obrigação.